Jerônimo Rodrigues participa de missa e acompanha a tradicional Procissão do Fogaréu, em Serrinha

Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia desde 2020, a Procissão do Fogaréu movimentou nesta quinta-feira (17) a comunidade católica de Serrinha e região, no nordeste do estado, mantendo uma tradição que completa 95 anos em 2025.
O governador Jerônimo Rodrigues participou da tradicional Missa da Ceia do Senhor, na Catedral Senhora Sant’Ana, e acompanhou a procissão, marcando as celebrações da Semana Santa no estado.
“Há 95 anos, um grupo de pessoas subiu a colina para pedir a Deus que derramasse as águas das chuvas para dar dignidade às pessoas que aqui moram. E hoje, voltamos aqui para fazer mais pedidos, para agradecer, pedir perdão e paz, para que as pessoas possam viver com tranquilidade, ter dignidade na vida, ter comida no prato, ter emprego. Estou muito feliz em participar dessa caminhada e apoiar a cerimônia, que simboliza a luz da esperança e da fé”, afirmou o governador.
Apoio e valorização cultural
Considerada a celebração mais importante da fé cristã, a tradição é coordenada pela igreja e apoiada pelo Governo do Estado, através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), da Secretaria de Turismo (Setur) e da Polícia Militar, com o objetivo de fortalecer o turismo local e o desenvolvimento socioeconômico.
O secretário de Turismo da Bahia, Maurício Bacelar, destacou:
“A nossa fé católica é muito forte, então, estas celebrações, missas, procissões, romarias por todo o estado da Bahia, fazem com que muitos peregrinos do Brasil e de fora do Brasil venham para nosso estado durante esse período. Isso movimenta os equipamentos turísticos, a nossa economia.”
Significado religioso e cultural
Segundo o bispo diocesano Dom Hélio Pereira dos Santos, o tríduo pascal começa com o Lava-pés e a Santa Ceia de Jesus com os discípulos, encerrando no sábado com a Vigília Pascal.
“Na celebração de hoje, da ceia do Senhor, tem aquele momento bastante significativo, que é o lava-pés. É um testemunho, um exemplo de serviço, de humildade que Jesus passa para todos nós. Depois da missa, nós teremos a tradicional procissão do fogaréu. É um longo percurso, e vai uma multidão, levando velas, aquelas tochas. É um sinal de que o povo caminha tendo à frente uma luz, e essa luz física lembra Cristo, a luz que não se apaga, a luz que é para sempre”, explicou.
A Procissão do Fogaréu representa o momento em que os soldados sobem o Monte das Oliveiras para prender Jesus. O cortejo sai da frente da catedral e percorre cerca de 5 km, passando por diversas ruas, com cânticos penitenciais e a Ladainha de Todos os Santos, até a imagem da Senhora Sant’Anna. A procissão conta com encenações da Paixão de Cristo feitas pela Companhia de Teatro da Catedral.
Vozes da comunidade
A lavradora Benilza Pereira dos Santos, de 62 anos, participa há 20 anos:
“Para mim, o melhor momento é quando a gente sai da missa e chega no mirante, lá em cima. Esse ano não vou aguentar mais, porém estamos aqui para assistir tudo isso.”
Já a professora Jussara Neri, de 49 anos, que mora há 10 anos em Serrinha, contou:
“Me mudei para Serrinha há dez anos. Meus pais se aposentaram e vieram morar aqui. De lá para cá, participo da procissão todos os anos e abro as portas da minha casa para a minha família que mora na capital. A casa está cheia, porque minha mãe, meu pai, fazem questão que todo mundo venha pra cá e se reúna. A Semana Santa é um momento da paz, único, de fé, que a gente se aproxima mais do Senhor. Acreditar na ressurreição é acreditar que tudo é possível.”
Reconhecimento como patrimônio
O reconhecimento da Procissão do Fogaréu como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia foi publicado no Diário Oficial em 31 de agosto de 2019, com o objetivo de garantir a continuidade da tradição, considerada um importante atrativo do turismo religioso.
De acordo com registros da Igreja Católica, a tradição começou na década de 1930, durante um período de grande seca. O padre Carlos Olympio Sylvio Ribeiro, recém-nomeado pároco da Freguesia de Serrinha, organizou as primeiras procissões de penitência, pedindo pelo fim da estiagem.
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Fonte: Governo do Estado da Bahia – SECOM
Texto de Simônica Capistrano / GOVBA