Bahia se consolida como maior produtor de café do Nordeste e 4° do Brasil com foco em qualidade e sustentabilidade



A Bahia tem se destacado nacionalmente na produção de café, ocupando o primeiro lugar no Nordeste e o quarto lugar no Brasil, atrás apenas de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse desempenho é resultado de uma combinação de diversidade climática, investimentos em tecnologia e práticas agrícolas sustentáveis.

Segundo a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), o estado possui cerca de 133 mil hectares dedicados à cafeicultura, com uma estimativa de 265.920 toneladas de grãos em 2025, o que equivale a 4,4 milhões de sacas. Essa produção representa 8,2% do total nacional, conforme o IBGE.

Só em 2024, a exportação de café baiano movimentou US$ 294,8 milhões, com mais de 81 mil toneladas enviadas ao exterior. Entre janeiro e abril de 2025, já foram exportadas 33,3 mil toneladas, gerando US$ 199,7 milhões em receita.

Regiões e tipos de café

A cafeicultura baiana se divide em três principais polos: cerrado, planalto e atlântico, com foco nos grãos arábica e conilon. A Chapada Diamantina, por exemplo, é referência na produção de arábica especial, com alta altitude, clima ameno e solos ricos, que conferem sabores únicos ao grão. A região possui Indicação Geográfica na modalidade Denominação de Origem, garantindo reconhecimento nacional e internacional.

No sul e extremo sul da Bahia, predomina o cultivo de conilon, importante para a composição de blends e cafés expressos. O clima quente e úmido dessas regiões favorece o desenvolvimento desse tipo de grão.

Histórias de sucesso na produção

Produtores como Silvaldo Silva Luz, de Ibicoara, têm apostado em inovações no pós-colheita, como o uso de estufas para secagem e insumos biológicos. Após descobrir o café especial em 2015, Silvaldo já conquistou três prêmios, incluindo o Rio Coffee Nation.

Outra produtora de destaque é Ana Cristina Correia Gonçalves Paes, de Barra do Choça. Ao lado do marido, migrou da produção de café commodity para cafés especiais há oito anos. Com foco em sustentabilidade e colheita seletiva, a fazenda da família prioriza práticas que respeitam o meio ambiente, como o uso de insumos biológicos e reaproveitamento de resíduos agrícolas.

Em Eunápolis, o engenheiro agrônomo Rafael Peixoto Sol também investe na cafeicultura sustentável. Com 36% da propriedade como reserva legal, coleta seletiva, controle de defensivos e certificações ambientais, ele destaca a evolução da Bahia tanto em produtividade quanto em responsabilidade socioambiental.

Qualidade e valor agregado

Segundo o presidente da Assocafé, João Lopes, e o engenheiro agrícola Rômulo Alexandrino, a qualidade do café é definida principalmente no momento da colheita e pós-colheita. Grãos arábica, por exemplo, exigem mais cuidado, mas oferecem maior valor agregado devido ao sabor mais refinado e aceitação no mercado.

A Bahia tem demonstrado que é possível aliar tradição, inovação e sustentabilidade para se destacar no competitivo mercado da cafeicultura brasileira, fortalecendo a economia do estado e elevando o padrão de qualidade do produto nacional.

Fonte: g1 Bahia – globo.com