Municípios do Extremo Sul da Bahia cobram R$ 780 milhões de mineradoras por impactos da tragédia de Mariana


Cinco cidades do extremo sul da Bahia — Caravelas, Nova Viçosa, Prado, Mucuri e Alcobaça — ingressaram na Justiça contra as mineradoras Vale, Samarco e BHP Brasil. Na Ação Civil Pública protocolada na Vara Cível de Nova Viçosa, os municípios exigem indenização de R$ 780 milhões pelos danos socioambientais provocados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 2015.

O desastre, considerado o maior da história ambiental do Brasil, despejou cerca de 45 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração no Rio Doce. A lama contaminada percorreu centenas de quilômetros até alcançar a costa do Espírito Santo e do sul da Bahia, afetando ecossistemas sensíveis como o Parque Nacional de Abrolhos e unidades de conservação em Caravelas.

As gestões municipais argumentam que, mesmo após quase dez anos do desastre, continuam enfrentando impactos econômicos e ambientais, especialmente nas atividades ligadas ao turismo, pesca e preservação ambiental. Segundo os prefeitos, centenas de famílias viram sua renda cair devido à desconfiança sobre a qualidade da água e dos recursos marinhos.

A iniciativa judicial acontece após as cidades ficarem de fora do acordo de repactuação assinado em 2024 entre as mineradoras, o governo federal, os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, além de órgãos de Justiça. Esse novo acordo destinou R$ 170 bilhões para ações de reparação e compensação, mas, segundo as prefeituras baianas, ignorou totalmente os danos sofridos na Bahia.

“Não podemos aceitar que nossa região seja prejudicada pelo maior desastre ambiental do país sem uma compensação adequada”, declarou o prefeito de Mucuri, Robertinho (União Brasil). Em Caravelas, o prefeito Doutor Adauto (PSD) destacou que atividades essenciais como turismo, mergulho e pesca artesanal foram severamente impactadas.

Estudos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e de pesquisadores apontam que metais pesados, como ferro, chumbo e cádmio, se espalharam pelo litoral sul da Bahia, comprometendo corais, peixes e a biodiversidade da região.

Procuradas pelo g1, a Samarco informou que não vai comentar a ação, enquanto a Vale declarou que ainda não foi notificada oficialmente.

Fonte: g1 Bahia